segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Perdemos horas a pensar o que mudou, dias a digerir a mudança. Por vezes, nunca chegamos, realmente, ao ponto em que a aceitámos e aprendemos a viver com ela. Daí que seja mais conveniente mascará-la com risos, piadas e confissões periféricas, do que propriamente a encará-la. Então, vamos deixando andar... Vamo-nos tentando conformar com esta nova situação ou até mesmo a ingnorá-la. Fazemos conta de que nada se passa, de que está tudo bem. Afinal de contas, tudo se torna mais fácil e menos penoso quando dizemos que tudo corre às mil maravilhas e que o céu continua azul ciano, brilhante como o nosso sorriso. Ora, isto não passa de uma gigantesca mentira e de uma psicologia invertida do mais fraco que pode haver. Por que raio temos sempre que tentar fechar os olhos às coisas e mostrarmo-nos de bem com elas, quando na verdade sabemos que nada está como era suposto?
Se calhar está na altura de deitar as letras na mesa, como faço nos cadernos. Espalhá-las todas numa autêntica sopa de letras e, de seguida, ordená-las uma a uma perfazendo uma frase. Sei que não lhe consigo dar sentido sozinha, até porque nós não costumávamos fazer nada sozinhas. Nem sequer precisavamos de letras para ordenar, palavras para explicar. Sabiamos tudo apenas conjugando o meu olhar com o teu; Apenas vivendo, apenas respirando a nossa amizade, tal como sempre fizemos. Qual é a dificuldade de repetir o que ensinámos uma à outra no espaço de cinco anos? Eu não sei o que está a acontecer.

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