sexta-feira, 25 de dezembro de 2009


Estou pesada, cada vez mais pesada. Engoli quilos de ferro e latão que só me permitem rastejar, ainda com a réstia de forças que eu possuo. Estou moribunda, completamente manchada a óleo escuro, negro, mortífero. Óleo este que me consegue corroer desde as artérias mais vistosas, até às mais minuciosas veias, que nem o próprio corpo reconhece a sua existência. Sinto o odor forte a escuridão que paira nesta casa. O odor a silêncio, desde que a abandonaste e tão depressa não a voltas a acolher. A solidão é agora a minha companhia, enquanto me prendo entre as quatro paredes caiadas de branco que, ironicamente, transmitem luz e tranquilidade. Agora sim, sou nada mais que um corpo que vai oscilando, desconhecendo o rumo a tomar e o caminho a seguir. Faltas tu do meu lado, a minha bússula incontroversa, o meu leme incostestável. Faltas-me tu do meu lado e o teu incondicional abraço.

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