segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Hoje, em particular, tenho saudades tuas, embora não as sinta. Isto porque para as sentir teria que possuir certos sentimentos, o que não acontece, pois sofro de um grande lapso de memória.
É uma pena que isto tenha aparecido nas nossas vidas, não concordas? Quem diria... Quem diria que uma família que aparentava ser tão sólida, tão equilibrada, tão bem estruturada, se desvendasse numa farsa que durou mais de seis anos. E aqui aplica-se na perfeição o belo ditado português "as aparências iludem". Que interessante, o facto de a língua portuguesa se poder tornar igualmente cruel e verdadeira.
Sabes, o que me magoa mais no meio disto tudo, nem é a forma brusca com que me arrancaste o chão, ou a forma com que insististe nas mentiras que me vendavam os olhos, todos os santos dias. Não me faz sequer comichão, as mazelas físicas e psicológicas que provocaste em mim; as humilhações, os medos, os "virar as costas", as rejeições, as distinções, a solidão. Tudo isso, para mim, não passam de tristes futilidades que, infelizmente, ainda têm as suas repercurssões no meu presente.
O que me magoa, verdadeiramente, é o simples facto de passados quase oito anos, teimes em continuar sem admitir o erro que cometeste e sem arcar com as devidas responsabilidades. Isso sim, magoa mais do que qualquer outra coisa que me tenha atingido.
Às vezes, sinto que tens prazer em continuar a viver no teu mundo ilusório, nos teus sonhos apagados, na tua realidade pouco sucedida. Sinto que não sabes quem és e o que és. Sinto, muito sinceramente, que interpretas várias personagens nos mais variados cenários da tua história e a vida, para ti, não passa de um jogo. Infelizmente, foi essa tua empatia com o jogo que te levou a percorrer todos os caminhos mais escuros que percorreste até hoje e que, com muita pena minha, irá acabar com o resto da tua pseudo-vida, que ainda possuis.

E eu continuo, incessantemente, a escrever sobre ti e sobre o nosso passado. Continuo, incessantemente, a repetir as mesmas palavras, as mesmas situações. Mas não leves a mal... Só o faço porque ainda tenho esperança que algum dia consigas ser homenzinho o suficiente para admitires as tuas culpas e fazeres jus aos teus compromissos. Só que os dias vão passando e a minha esperança dissolve-se, cada vez mais, no nevoeiro cerrado que se depositou entre os nossos corpos. Por isso, aqui fica uma nota: somente quando tomares essa tão sublime decisão é que serei capaz de te perdoar. Até lá, não serás mais do que um ponto mal resolvido na minha vida.

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